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Joseph Pulitzer

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sobre melhoria da qualidade da educação

Este dado foi apontado pelo Relatório de Monitorização Global de Educação para Todos 2015, documento produzido pela Unesco


No ano 2000, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) promoveu o Fórum Mundial de Dakar, no Senegal, evento que reuniu 164 países para discutir os rumos e metas que deveriam ser tomados para melhorar a educação no mundo até 2015, no documento conhecido como Marco de Acção de Dakar, Educação para Todos: Cumprindo os nossos Compromissos Colectivos. Através de dados fornecidos por estas nações, foi possível comparar os progressos, o que gerou o Relatório de Monitorização Global de Educação para Todos 2015.

A última das seis metas, a qualidade da educação, teve resultados interessantes nestes 15 anos. Uma das maiores descobertas foi o facto da ampliação do acesso não significar uma melhoria automática na qualidade da educação, no entanto, é possível conciliar os dois factores e expandir o número de vagas e níveis de aprendizagem.

De acordo com o relatório, um dos factores determinantes para a melhoria da educação foi o aumento da quantidade de avaliações nacionais de aprendizagem. Entre 2000 e 20013, 1.167 avaliações deste tipo foram aplicadas, frente a 283 na década de 1990. Tal crescimento é importante pois fornece mais dados que permitem que as nações façam os investimentos necessários e de forma mais eficaz, como a remodelação de materiais didácticos e o direccionamento de verbas para áreas mais necessitadas.

No entanto, os desafios ainda são enormes, principalmente no que diz respeito aos professores. A disparidade entre taxas alunos/professor na educação primária apresentou uma queda significativa no período referido, no qual 121dos 146 países conseguiram reduzir o número de alunos para cada professor. A Europa e a América do Norte apresentam os melhores resultados, com 1 professor para cada 14 alunos. No entanto, na África Subsaariana a situação ainda é grave: a média de alunos por professor chega a 42 alunos. Quando a comparação é feita em relação a professores formados, o abismo é ainda maior: 55 estudantes para cada mestre. Na América Latina, a mesma taxa corresponde a 23 alunos.

Ao todo, para equilibrar o deficit de professores, seriam necessários 4 milhões de formadores, 63% deles na África Subsaariana. Outro dado preocupante foi o baixo número de professores primários qualificados em várias regiões. O local mais preocupante é a Guiné-Bissau, onde apenas 39% dos mestres desta faixa de ensino atendem aos requisitos necessários. Ainda na África Subsaariana, a distribuição dos professores é muito irregular, sendo que as escolas particulares chegam a ter até 30 alunos a menos para cada professor que as públicas.

Para suprir essa lacuna, segundo o documento, os governos devem apostar na valorização do professor, melhorando salários e criando planos de carreira. Já a contratação de professores temporários mostra-se eficaz apenas em locais onde a comunidade é mais participativa, caso contrário, como estes mestres tendem a ter um nível inferior de instrução, os impactos na educação podem ser negativos, como observado no Níger e no Togo.

Embora sejam fundamentais, não são apenas os professores que melhoram a qualidade da educação. O fornecimento dos materiais didácticos, a boa estrutura das salas de aula (como saneamento e manutenção) e o tempo que os alunos passam na escola influenciam determinantemente o desempenho. Neste último critério, houve uma degradação global na última década: nas escolas primárias, os estudantes passam, em média, menos de 1000 horas anuais. O recomendado pela UNESCO é entre 850 e 1000 horas.

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